Ciao a tutti voi!
Carioca Travelando checking in… :)
Na coluna Convidados de hoje, tenho o grande orgulho de ter conosco a minha irmãzinha, amiga tão amada e comadre, Vera Wanderley.
A Verinha estuda Economia na Università degli Studi da Catania e vive por lá há 4 anos. Ela adora cozinhar, fazer trabalhos manuais e passar o tempo livre ao lado dos amigos.
Hoje ela compartilha conosco um pouquinho da Catania, que fica no Sul da Itália.
***
Confesso que me sinto muito contente e orgulhosa em ter recebido o convite da minha amiga, idealizadora deste fantástico blog, para escrever sobre a cidade que vivo há 4 anos: CATÂNIA! Para quem não sabe, afinal a Catânia não é muito conhecida pelos brasileiros, o lugar está na Sicília, costumo dizer que Sicília é a primeira bola que a Itália chuta – para dar uma localização melhor :)
Desde a primeira vez que vim para cá eu achei esta cidade bastante confusa, mas bem interessante, principalmente para quem conhece as cidade italianas de Roma para cima e outras cidades européias, quanto mais se desce pela bota, as diferenças entre o sul e o norte vão ficando mais evidentes. Aqui se pode admirar vários tipos de paisagem, e isso causa muito orgulho entre os cataneses.
Apesar da Catânia não ser a capital siciliana é aqui que se encontra o maior aglomerado urbano da Sicília, e se pode dizer que é a cidade mais vivaz, tanto que costumam dizer que é aqui que se dorme mais tarde. A cidade foi fundada em 729 a.c, e confesso que vindo de um país tão jovem estas datas me “assustam” um pouco e quando penso que a Universidade que frequento existe antes mesmo do Brasil ser descoberto, me deixa ainda mais com a boca aberta. Voltamos à fundação… esta ocorreu com os gregos e é uma cidade construída e reconstruída diversas vezes a causa das inúmeras erupções do Etna, tanto que muitas obras subterrâneas devem sempre ser interrompidas porque quando se escava, cidades destruídas são descobertas, se diz que já foram achadas casas intactas, um verdadeiro tesouro arqueológico.
A cidade é toda em estilo barroco, construída com pedras lávicas e declarada Patrimônio UNESCO.
O ponto de encontro catanês é a Piazza Duomo, onde se encontra a Catedral de Sant’Ágata (Santa Padroeira de Catânia, o Palácio dos Elefantes, onde está o “Prefeito” de Catânia, a Fontana dell’Ameano. É também na Piazza Duomo que se encontra o símbolo da cidade a Fontana dell’Elefante (“u Liotru”, em dialeto siciliano).
A festa de Sant’Agata (que acontece do dia 3 ao 5 de fevereiro), é a terceira maior festa religiosa do mundo, a cidade fica realmente lotada e não apenas de catanês, sicilianos ou italianos, pessoas de todo o mundo veem para acompanhar este grande evento. São três dias de procissão, durante o dia e a noite. Devotos são vestidos a caráter, uma espécie de vestido branco (chamado de saco), um chapeuzinho preto e uma corda na cintura. A sua história, assim como de muitos mártires, é muito triste, em nome da sua fé foi torturada e teve um dos seios arrancado, quando tinha apenas 15 anos. O povo catanês é muito devoto à sua “santuzza“, como é chamada carinhosamente, e de um certo modo exige que as pessoas a respeitem.
Atrás da Piazza Duomo se encontra a famosa pescaria catanesa, tanto que é considerada um ponto turístico, como a feira de Catânia, onde se pode respirar a alma da cidade, lá se encontra de tudo desde legumes e frutas, passando por carnes e peixes e terminando pelas roupas e artigos para a casa, e é lá que se sente o verdadeiro dialeto da cidade.
O dialeto é muito usado na Itália, é como se cada região adotasse uma outra língua além do italiano, como disse cada região tem o seu, e às vezes o modo de falar muda de cidade para cidade. Se você sabe italiano, mas quando vem para a Itália tem a sensação de não entender nada do que estão falando, entre eles, não se preocupe, muito provavelmente estão falando em dialeto. A coisa boa é que quando sabem que somos estrangeiros eles falam italiano, pode parecer pouca coisa, mas para mim significa respeito. No meu caso, que vivo aqui, mesmo eu não falando eu consigo entender muita coisa além de ser um modo de se enturmar e também um modo de não se deixar enganar.
Uma coisa bem curiosa: muitas palavras usadas no dialeto siciliano fazem parte da língua portuguesa.
Ainda a partir deste ponto é possível ver a Porta Garibaldi, um arco triunfal construído em 1768 para comemorar o casamento de Ferdinando I das Duas Sicílias e Maria Carolina d’Asburgo-Lorena.
Não muito longe da Piazza Duomo é possível admirar o Anfiteatro Romano de Catânia, monumento construído no II século, situado em frente a Praça Stesicoro.
Infelizmente, não é possível visitar o Anfiteatro por dentro mas se pode admirar uma pequena parte, ainda visível, deste belo monumento.
Como muita gente já deve saber, muito material era retirado dos Anfiteatros para construir as enormes e monumentais igrejas italianas, como o mármore que foi retirado do Coliseu para construir o Vaticano. Com o Anfiteatro de Catânia não foi diferente, muito material foi utilizado para construir a Catedral de Sant’Agata.
Sempre caminhando pelo Centro Histórico é possível chegar ao Castelo Ursino, fundado por Federico II, rei da Sicília, no século XIII, que já foi sede parlamentar na época das Vésperas Sicilianas, prisão, residência e hoje é a sede do Museu Cívico de Catânia.
Um lugar que não pode deixar de ser visitado para quem vem a Catânia é o maior vulcão ativo da Europa, o ETNA (grego antigo aitho – “queimar violentamente”), e que no começo do mês de julho de 2013 foi declarado Patrimônio Unesco.
Existem muitas empresas que oferecem excursões até o Etna. Na zona do Refúgio Sapienza se pode comprar tantos souvenirs feitos de pedra lávica, experimentar o Fogo de Etna, um destilado bastante forte, e no restaurante presente, experimentar tantos méis, crocante de amêndoa, e fazer uma pausa para o almoço. Ainda na zona do Refúgio é possível visitar as crateras Silvestri e para quem quiser chegar mais pertinho do vulcão é possível subir com o teleférico e ainda fazer um passeio com o jipe/van/ônibus.
Etna é um vulcão bastante ativo, até maio deste ano já nos presenteou com mais de 6 erupções, e posso garantir que escutar o barulho que cada explosão faz e ver toda aquela lava que explode é uma das coisas mais lindas que já vi em minha vida.
Enquanto se sobe para chegar à Montanha é possível ver casas que foram destruídas com as erupções e no restaurante presente no pé do Etna fotos, inclusive aquelas que testemunham a destruição parcial do restaurante.
Agora vamos falar de comida, um assunto que acho que sempre interessa a quem viaja: a cozinha local!
A base da cozinha siciliana é a famosa Dieta Mediterrânea e para quem é amante de peixe, da berinjela, tomate (aqui se encontra uma grandíssima variedade) aqui é lugar perfeito.
Mas o verdadeiros carros-chefes são: Parmegiana, que é uma espécie de lasanha de berinjela, Pasta alla Norma (rigorosamente acompanhada de ricota salgada, nem ouse colocar parmesão!, homenagem à uma famosa obra de Vincenzo Bellini, nhoque com pistache (tipicamente de Bronte), arancine (não se deixem enganar pela aparência, apesar de parecer uma grande coxinha é um grande bolinho de arroz que pode ter vários tipos recheio), e a carne de cavalo, que deve ser rigorosamente comida em uma zona não muito recomendada para turistas, via Plebiscito, mas que com um pouco de atenção ou sendo acompanhado por um táxi não há com o que se preocupar. A carne de cavalo pode provocar um pouco de rejeição por parte das pessoas, apesar de nós brasileiros sermos grandes consumadores de carne, este tipo de carne não faz parte da nossa cultura, e mais uma coisa curiosa o Brasil é um grande produtor de carne equina mas toda produção é para exportação!!!
E se tiverem a oportunidade não deixem de experimentar as laranjas vermelhas, uma verdadeira delícia!
Falando em táxi, lembro que o transporte público catanês, infelizmente, não funciona, os ônibus demoram uma eternidade para passar, o metrô não leva a lugar nenhum, confesso que nunca entrei em uma estação e ônibus peguei apenas uma vez, e se é apenas para conhecer a cidade não vale a pena alugar um carro, primeiro porque se pode chegar aos pontos turísticos andando, então coloque um tênis ou um sapato bem confortável e caminhe caminhe e caminhe, além disso em Catânia existe uma maneira toda catanesa de dirigir, aqui parece não ter regras, crianças vão no banco da frente sem cinto, e por falar em cinto eu já fui chamada atenção vááááárias vezes porque uso o cinto, por familiares e até por uma criança de 7 anos, as Vespas carregam 3 pessoas, e é muito raro ver capacetes, nos cruzamentos vale a regra do mais espertinho e assim por adiante, e ainda tem o problema estacionamento, que é uma coisa muito difícil de encontrar. Se não é para ir para outras cidades próximas da Catania, não é necessário alugar um carro.
As cidades perto de Catânia que merecem uma visita, são Acicastello e Acitrezza. Em Aciscatello é possível visitar o Castelo di Aci.
Em Acitrezza se pode ver o Faraglioni dei Ciclopi (Rochas dos Ciclopi). Conta a lenda que Polifemo jogou estas grandes pedras em Odisseu (Ulisses), enquanto este último fugia. Para quem ficou curioso e gosta de mitologia grega pode dar uma olhadinha aqui.
E caso você venha à Itália não deixe de visitar as cidades do Sul, posso garantir que vale muito a pena! :)
By Vera Wanderley
Fotos by Vera Wanderley & Irina Krot
Tengel says
Alguns desses lugares gostaria de visitar na minha próxima viagem e obrigado pelo artigo matou um pouco a minha curiosidade.
Carioca Travelando says
Que bom Tengel! Obrigada pela sua visita.