Olá Viajantes! Carioca Travelando Checking in …
Sinceramente não imaginava que teria tanto para contar sobre uma viagem à Al-Ula e Mada’in Saleh, na Arábia Saudita. Foi uma viagem surpreendente! Você duvida? Veja só …
Nos post anteriores Da sagrada Medina à Al-Ula, e a fascinante Rocha do Elefante e As Tumbas de Mada’in Saleh, A Estação de Trem Ottoman e um tradicional Jantar Árabe, contei pra vocês alguns dos detalhes dessa aventura. No post de hoje, divido como foi o nosso último dia pelas montanhas dançantes de Al Ragassat, nossa visita à cidade antiga de Decan e o almoço típico na fazenda de tâmaras.
As montanhas dançantes de Al Ragassat
No dia seguinte, às 5 da madruga, já estávamos todos nós de pé. Motorizados por caminhonetes 4×4, o dia era dedicado a conhecer o deserto Al Ragassat, conhecido localmente como o deserto “das montanhas dançantes” – num friozinho típico do deserto, lá fomos nós descobrir o porque do apelido curioso, cheios de energia, apesar de ser 5 horas da manhã. Saímos em uma comitiva de mais de 7 caminhonetes 4×4 com destino a aventurar-se nas montanhas dançantes.
Morando há tantos anos no Oriente Médio, posso dizer que eu já vi uma boa quota de “desertos” por essa região. E pra te ser bem sincera, eles todos meio que se parecem para mim: um monte de areia, dunas, camelos… e é isso. Mas em Al Ragassat a paisagem que vimos, pela primeira vez, foi muito diferente: montanhas grandiosas, rochedos gigantescos, penhascos… curiosamente equilibrados como se alguém os tivesse colocado a mão desafiando as leis da física – o lugar é simplesmente sensacional. Túneis e vales de rochas com vários tons de vermelho, uma vegetação no mínimo atípica para os desertos que tinha visto até agora. A cada sobe e desce, no que parecia mais um suave passeio de montanha russa, nas dunas de areia finiiinha, uma incrível visão do vasto deserto sendo cortado em zig-zag por corredores de formações rochosas – dando assim o nome as famosas “montanhas dançantes”, numa paisagem infinitamente encantadora.
No volante, nossos motoristas eram nativos, que nasceram na região e apesar de não ter placas de sinalização em lugar nenhum no deserto, e sua paisagem estar em constante mudança devida a movimentação das dunas com o vento – eles conheciam cada pedacinho daquele lugar, tinham um tipo de “GPS mental” e nos levavam à conhecer cantinhos impressionantes.
Realmente um deserto belíssimo, que nos transmitiu uma paz imensa, de beleza imensurável. Eu ficava a todo instante admirada com a exuberância singular daquele lugar, bem no meio da diferente e misteriosa Península Arábica.
Depois de me sentir uma verdadeira “Indiana Jones” explorando por horas grande parte da região de Al Ragassat, o nosso café da manhã foi arrumado entre um majestoso vale rochoso, sob a sombra das montanhas – não poderia ser mais perfeito. Foi uma experiência maravilhosa poder se conectar com a natureza desta forma – lembrando que lá não tínhamos nem sinal de celular e a comunicação entre os motoristas que nos guiavam em seus potentes 4×4 era feita por rádio, que era tipo um “messenger”. Eles faziam piadas, recebiam instruções do guia e o melhor, se divertiam muito. Percebia-se no rosto de cada um, a alegria de estar ali, literalmente no meio do “nada”, porém felizes pois estavam em casa.
Cidade antiga de Dedan
Já no finalzinho do nosso passeio, fomos até o que se conhece como a cidade antiga de Dedan. As falésias de arenito vermelho, chamam atenção e fazem um contraste interessante com a paisagem. Perto das ruínas, vimos os túmulos em formato de quadrados, menos adornados eu me atreveria a dizer – mais “simplesinhos”, em comparação aos que vimos durante toda a viagem.
Entre os túmulos estão as famosas “Tumbas do Leão” (Lion Tombs)– que cá entre nós, deu um trabalhinho para encontrar o lugar, e para chegar até as tumbas – dá-lhe cardio até nas viagens. Que escadinha bendita tivemos que subir! Isso porque o tal do Leão, que dá nome ao lugar, era bem pequenininho – e confesso que esperava um leaozão feroz e imponente cravado na pedra, e até soltei um: “poxa, esse é o leão que dá nome ao lugar?” Brincadeiras à parte, o lugar impressiona por estar conservado mesmo depois de séculos de história, e como já disse anteriormente, baixa manutenção. Entretanto fomos informados pelo guia, que estas tumbas, por serem de uma civilização aparentemente distinta, atraem mais a atenção de universidades locais que as estudavam geologicamente.
*Vale ressaltar que pouco é feito pelo governo para proteção e estudos arqueológicos na região. Uma pena, pois essa riqueza de material e história é algo raro em nossa sociedade moderna.
Almoço árabe na fazenda de tâmaras
Fechando com chave de ouro nossa aventura, fomos levados até uma fazenda de tâmaras para almoçar. Lá, tudo já estava devidamente preparado e, claro, mais uma vez no completo estilo árabe: tapetes no chão bem sob as sombras das árvores de tâmaras (que por sinal, estavam carregadas), buffet de comidas típicas, e muito “ghawa” – o tradicional café árabe (um dia escrevo mais sobre ele). O local era um pequeno “oásis” bem no meio do deserto, com uma vista linda para as montanhas com muito verde e sombra a vontade.
Após o abundante almoço, nossos meninos adoraram explorar mais o pouquinho do lugar, dando uma espiadinha nas cabras e galinhas que a fazenda mantêm. Lembro de escutá-los dizendo: “Hoje vamos explorar a floresta!” Foi diversão total com direito a farra da criançada.
Eu tô voltando para casa outra vez…
Depois de dias de tantas surpreendentes descobertas, paisagens exuberantes e tanta história, era hora de dizer “ma’a as-salaama” (Adeus) à Al-Ula e Mada’in Saleh. O lugar superou não somente as minhas expectativas, mas após uma rápida “pesquisa de opinião” e alegria estampada no rosto de nossos companheiros de viagem, percebi que essa também era a opinião de todos aqueles que nos acompanharam nessa desbravada pelo deserto nas arábias.
Já de volta em casa, compartilhei empolgada nossos momentos com os amigos daqui, que já estão todos animadíssimos planejando sua ida à esse pedacinho tão importante e bem conservado da história do Oriente Médio.
Eu sou extremamente grata pela oportunidade única de poder visitar Al-Ula e Mada’in Saleh, e muito feliz de poder dividir tudo isso com vocês. Principalmente num país tão diferente e ao mesmo tempo único como a Arábia Saudita.
Para aqueles que me acompanham pelo Facebook, Instagram e Twitter sabem que eu acabei de retornar da Incrível Índia, então daqui a pouco tem muita cor, cultura e surpresa nesse lugar que tanto fascina e choca por seus contrastes.
Aguardem que vem muito mais por aí. Como diz a famosa frase: “Viajar é a única coisa que você compra que te faz mais rico.” Carioca Travelando checking out – Nós vemos na próxima aventura :)
By Carla F.
Fotos by Vidal. F
Britto Jr says
Muito bonito, espero poder conhecer :)