Alô Alô Viajantes! Hoje o Carioca Travelando tem a imensa honra de receber o amigo, Carioca da Gema: Ronaldo Ferreira.
Ronaldo, que é engenheiro de produção por formação, atualmente trabalha com Controladoria e Finanças, e está sempre dando umas voltinhas com sua linda família pelo globo. Já morou em algumas cidades nos Estados Unidos, e hoje vive em Budapeste, Hungria.
Exclusivo para o CariocaTravelando.com, ele nos conta as melhores dicas para conhecer esse lugar lindo, cheio de história, riquíssimo em cultura e reconhecida como umas das mais belas capitais do continente Europeu.
Ronaldo, mais uma vez muito obrigada por compartilhar conosco um pouquinho de sua experiência por ai :)
Budapeste
Ainda me lembro de um trecho do livro “Budapeste” de Chico Buarque que li em 2005, pouco antes da minha primeira visita à capital dos magiares, onde ele dizia: “O Danúbio, pensei, era o Danúbio mas não era azul, era amarelo, a cidade toda era amarela, os telhados, o asfalto, os parques, engraçado isso, uma cidade amarela, eu pensava que Budapeste fosse cinzenta, mas Budapeste era amarela”.
Seria Budapeste amarela? |
Mal poderia imaginar que vários anos depois, em 2011, viríamos a morar na Pérola do Danúbio, e gostar tanto de viver aqui. Budapeste é uma cidade de mais de mil e cem anos (desde que os húngaros a fundaram, muito depois dos romanos estarem por aqui, como comprovam ruínas do lado de Buda) e que teve seus dias de glória, guerra, repressão e inúmeras voltas por cima. Pode-se compreender muito da cultura conhecendo um pouco de sua bela história, e assim sugiro ler sobre ela antes da visita. A Hungria, apesar de ser um país pequeno (sua área atual é do tamanho do estado de Santa Catarina), faz fronteira com outros sete países, e tem uma posição geográfica excelente para conhecer o lado leste/sul da Europa.
Costumo dizer aos amigos visitantes que são duas cidades completamente diferentes. “ Ah, você diz Buda e Peste, que são separadas pelo rio?”, eles normalmente respondem, se referindo ao fato de que as duas cidades se juntaram oficialmente apenas em 1873, junto com a vizinha Obuda. “Não, eu digo a Budapeste de Maio a Setembro e a Budapeste de Outubro a Abril. São duas cidades completamente diferentes.”
Nos meses do inverno, faz muito frio (em média temperaturas de -5C, mas em alguns dias chegando a -15C). São dias curtos com o sol se pondo às 4:30 da tarde em dezembro. Não neva tanto como em países mais ao norte, mas a cidade fica cinzenta e turistas dão preferência a áreas de Skina Áustria, Suíça e França ou a lugares mais quentes. Atrativos nessa época são os famosos banhos termais. Budapeste é tida como a capital dos Spas na Europa e desde a época dos romanos as águas termais são apreciadas aqui. Essa cultura foi sendo reforçada a partir da época do domínio turco, no século XVI. Muitos locais e turistas procuram esses Spas, em busca de suas propriedades medicinais ou simplesmente para relaxar. Recomendo o Széchenyi, perto da Heroes Square, que acaba de completar 100 anos, mas está em boa forma! Tem três piscinas externas e mais de 10 internas com águas de todas as temperaturas e propriedades. Se vier em dezembro, aproveite também para visitar os mercados de Natal – o maior deles fica na praça Vorosmarty, onde também está situada a centenária confeitaria Gerbeaud. Budapeste tem vários cafés e alguns deles lindíssimos, como o Café New York com sua bela arquitetura.
O interior do Café New York |
Minha Budapeste preferida é sem dúvidas a de Maio à Setembro. Impressionante como a cidade se transforma, e exala energia e turistas, mas sem a invasão comum em cidades mais populares como Paris e Barcelona. Nessa estação você pode aproveitar a cidade por mais tempo (o sol se põe às 21hs em Julho), e em sua plenitude. Opções não faltam, e os preços são muito mais acessíveis que as maiores cidades européias.
Não há quem deixe de ficar de boca aberta ao chegar ao Danúbio e sua vista de conto de fadas: o rio, o castelo, as pontes, o parlamento, a arquitetura dos prédios. Budapeste é uma cidade de menos de dois milhões de habitantes (um pouco mais se contarmos a área metropolitana), números que pouco importam ao se deparar com esse cartão postal. Impossível não viajar na história dessa cidade, da invasão turca, do poderio do império austro-húngaro, das guerras mundiais, da época da Cortina de ferro (dos países comunistas no leste europeu a Hungria era tida como o mais progressista e teve importância grande no início da queda do regime), da entrada na comunidade européia. E agora, o turismo, relegado a segundo plano por tantos anos, floresce nessa cidade de reis e heróis.
Chegue, se instale e aprecie a vista e a hospitalidade, saboreando um goulash, um foie gras e um belo vinho húngaro. Pode esquecer aluguel de carro, você não vai precisar se a intenção não é sair da cidade!
Passeio obrigatório é ao Distrito do Castelo (“Castle Hill”), a parte mais antiga da cidade. Fica do lado de Buda e para os turistas que escolheram um hotel do lado de Peste, o melhor é atravessar a Lánchíd(ou Chain Bridge, Ponte das Correntes) e subir até o castelo através do funicular ou a pé. Lá em cima, você se deparará com casas centenárias, o complexo do castelo/palácio, a igreja de São Matias, o Labirinto (cavernas dentro do morro, onde supostamente ficou aprisionado o conde romeno que inspirou a história de Drácula), o Hospital na Pedra (Hospital in the Rock, construído em cavernas durante a guerra e transformado em abrigo nuclear durante a Guerra Fria), e o Bastião dos Pescadores, muralha de onde a vista para o Parlamento Húngaro é incomparável. Reserve umas 4 ou 5 horas para o distrito do Castelo, sem contar os museus dentro do palácio, que confesso ainda não conheci. O melhor de lá é simplesmente andar pelos pátios do palácio, pelas ruas e imaginar como era o local há 400 anos atrás. O parlamento , do lado de Peste, também pode ser visitado, mas se informe sobre dias e horários de visitação em inglês com antecedência.
O Bastião dos Pescadores |
O Parlamento Húngaro durante a cheia do Danúbio em junho de 2013 |
Do lado de Buda também fica a Citadella, uma fortificação da época dos Habsburgos, no alto do “Gellert Hill”, e de onde se tem a melhor vista da cidade, inclusive das sete pontes que cruzam o Danúbio. Lá fica a estátua da liberdade (Szabadság Szobor), erguida pelos russos na época de sua dominação, e um dos poucos monumentos que os húngaros permitiram ser mantidos no local original após a revolução de 1956. A inscrição no monumento foi então mudada e agora ela é em homenagem àqueles que se sacrificaram pela independência, liberdade e prosperidade da Hungria. Se tiver curiosidade em ver outros monumentos da época do comunismo, como estátuas de Marx, Engels, Stalin e outros, dirija-se ao Memento Park, nos arredores da cidade. É lá que todos foram propositalmente colocados, longe do coração da cidade…
A Lánchíd, ou Ponte das Correntes, é a mais antiga das pontes, inaugurada em 1849, e teve de ser reconstruída duas vezes, sendo a última em função de bombardeios durante a Segunda Guerra. É uma ponte suspensa, com arcos em pedra e decorações em ferro, que representava a modernidade na época de sua construção, e o avanço econômico da Hungria, servindo também para marcar uma ligação entre o leste e o oeste. É imperdível atravessá-la a pé. Em frente à ponte, do lado de Peste, encontra-se um dos prédios mais bonitos de Budapeste, o Palácio Gresham, onde hoje está o Hotel Four Seasons.
A Lánchíd, ou Chain Bridge, com a Basílica de St Istvan ao fundo |
A partir da ponte, a apenas alguns metros, conheça a Praça Vorosmarty. Ela se conecta à rua de pedestres mais famosa da cidade – a Vaci Utca – onde você poderá encontrar diversos bares, restaurantes, lojas de souvenirs e artistas de rua. Os restaurantes dessa rua são aqueles típicos para turista, não os recomendo, vale mais conferir os que sugiro mais abaixo. Seguindo a Vaci Utca até o final , outra atração popular é um passeio ao Mercado Público Central (Nagyvasarcsarnok). O prédio é do século XIX, um espaço amplo, onde vendedores de frutas, legumes, carnes e páprica (objeto sagrado por aqui, em suas mais diversas formas, do pó ao pimentão) dividem espaço com os vendedores de souvenirs e artesanatos. Normalmente o preço é melhor do que os praticados na Vaci Utca.
Voltando a praça Vorosmarty, depois de um café e torta na antiquíssima e charmosa Gerbeaud, vale conhecer a segunda linha de metrô mais antiga do mundo, a Millenium Underground, cujo ponto final é ali. São vagões bem menores que os da linha principal. Você pode pegá-la até a Praça dos Heróis (Hősök tere). Essa praça foi inaugurada em 1900, como homenagem aos grandes heróis húngaros. Atrás da praça está o Parque da Cidade (Városliget), uma área verde de mais de 1km2, onde as pessoas aproveitam o verão (ali ao lado estão o zoológico, um grande lago com pedalinhos e o castelo Vajdahunyad, em estilo gótico), ou o inverno (patinação no gelo e o banho termal Szechenyi, além do Museu de Belas Artes). Se o tempo estiver bom, recomendo o restaurante Robinson, à beira do lago – comida excelente e visual ótimo.
A praça dos Heróis também delimita o fim da avenida tida como a “Champs Elisées de Budapeste”, aAndrássy Ut. Caminhe por ela, apreciando as mansões de séculos passados com sua bela arquitetura, até chegar ao museu “House of Terror”, um prédio que foi utilizado por repressores como prisão e local para interrogatórios e torturas, para conhecer um pouco deste triste mas bravo período da Hungria, durante o domínio tanto dos nazistas/fascistas quanto dos russos. Ainda na Andrássy, no trecho onde as casas dão lugares a prédios mais altos e lojas de renome internacional, fica a Ópera de Budapeste, que apesar de não ser exageradamente grande como outros teatros que vemos pelo mundo, tem uma riqueza de detalhes impressionante e arquitetura neo-renascentista, além de uma acústica fabulosa. Faça uma visita guiada ou assista a um espetáculo.
A Ópera de Budapeste |
Um pouco mais a frente, encontra-se a sinagoga de Budapeste, a maior da Europa, e que tem um belo monumento aos judeus mortos no Holocausto no seu jardim, a Árvore da Vida. Na época da Guerra, cerca de setecentos mil judeus viviam em Budapeste, e estima-se que mais de quinhentos mil foram executados, a maioria nos campos de concentração na Polônia. Além do monumento na sinagoga, outro muito tocante fica perto do parlamento, à beira do Danúbio, onde sapatos dos judeus mortos estão eternizados em ferro, simbolizando aqueles que perderam a vida ali.
A Grande Sinagoga |
De volta a área próxima ao Danúbio, vale explorar as ruas em volta da Basílica St István. A colossal igreja, por sinal, é de se fazer reverência. Não só pelo tamanho, encrustada entre os prédios de Peste, mas pelo seu interior. Vários personagens históricos da Hungria estão sepultados ali. Naquela região, há uma rua de pedestres (Zrínyi utca, além das transversais Oktober 6 utca e Sas utca), com diversas opções de restaurantes, clubes e bares. Aproveite e experimente os vinhos da Hungria – o país tem uma produção de vinhos de qualidade, mas quase toda consumida no mercado interno.
As melhores regiões de vinho são Villanyi, Eger e Tokaj. Há diversos bares de vinho, sendo o mais popular o DiVino, junto à basílica. No quente verão, os clientes saboreiam vinhos refrescantes ou a versão húngara do spritzer, o fröccs, com diferentes medidas entre vinho e água gasosa (soda), gelada.
Zrínyi utca, com a Basílica ao fundo |
Para os que vão ficar mais tempo na cidade, recomendo conhecer o oásis dentro de Budapeste que é a ilha Margaret, no meio do Danúbio entre as pontes Margaret e Arpád. Ponto preferido daqueles que querem se exercitar, andar de bicicleta, caminhar, contando ainda com áreas verdes para relaxar e curtir a natureza. Tem piscinas públicas e mini zoo para as crianças também. Por falar em piscinas, uma curiosidade – apesar de não terem litoral, os húngaros adoram a água, e isso se reflete no seu sucesso histórico nos Jogos Olímpicos onde são os maiores medalhistas em waterpolo, além de terem muito sucesso em canoagem e natação. Um país de menos de 10 milhões de pessoas, e que está em oitavo no quadro geral de medalhas de todos os tempos!
Szentendre, cidade a apenas 20km também é uma boa pedida pelas lojas de artesanato e casas coloniais, me lembra um pouco Parati. Visegrad é a cidade seguinte, também à beira do rio e tem as ruínas de um castelo e de um palácio de verão dos reis húngaros. Estilo medieval.
Por fim, há inúmeras opções de passeios de barco no Danúbio, inclusive à noite. Budapeste, chamada de “Paris do Leste” há muitos anos, fica ainda mais bonita à noite, com suas pontes, castelo e parlamento iluminados, fazendo-lhe brilhar ainda mais. Um brilho dourado, ou, como diria Chico Buarque, amarelo…
Bom proveito! Viszlát!
O Castelo/Palácio e a Igreja de São Matias ao fundo |
O Danúbio à noite com pontes e parlamento iluminados |
Como chegar:
Não há voos diretos do Brasil. As melhores opções de escala são normalmente em Frankfurt, via Lufthansa, Paris, via AirFrance, Londres, via British, Roma via Alitalia, ou Lisboa, via TAM. Se quiser alugar um carro, Budapeste fica a apenas duas horas e meia apenas de Viena, a cinco horas de Salzburgo, a cinco horas do litoral da Croácia, e a seis horas e meia de Veneza.
Onde ficar:
Em termos de localização recomendo ficar junto ao rio do lado de Peste, entre as pontes Chain Bridge e Erzsebet (hotéis Intercontinental, Sofitel, Marriott). Há também hotéis menores, mas procure ficar na área central, não muito longe da VorosmartySquare, e assim conhecer os pontos turísticos na sua maioria a pé. O transporte público é eficiente, com metrô e bondes, e taxi é barato.
Dê preferencia a CitiTaxi (06-1-211111), para ter certeza do motorista falar um pouco de inglês.
Onde Comer:
Restaurantes Húngaros: Borkonyha, Robinson, BockBistro, Café Kor
Italianos: IlTerzo Cerchio, Pomodoro
Carnes: Pampas, PrimeSteak
Indiano: Taj Mahal
Brasileiro: Casa Brasil
Bares: Szimpla (pub em casa em ruínas), Buddha Bar, Otkert
Língua:
O húngaro é extremamente difícil (“a única língua que o diabo respeita”, segundo Chico), já que a estrutura é bem diferente das línguas latinas, e sufixos são adicionados às palavras ao invés de preposições.
Nem tente aprender, mas aí vão algumas palavras básicas:
Hogy vagy? – Como vai?
Köszönöm– Obrigado
Szívesen – De nada
Jó reggelt – Bom dia (até as 9 da manha)
Jó napot – Bom dia/tarde
Jó estét (Boa noite – evening)
Jó ejt (Boa noite – night)
Viszlát (versão mais curta de viszontlátásra) – Até logo
Szia/Sziastok – Oi ou Tchau para uma ou mais pessoas
*Algumas dicas de como certas letras são pronunciadas:
Sz – som de s
Zs – som de j
S – som de x de carioca
J – som de y
Ly – som de y mais longo
Fotos e texto by Ronaldo Ferreira
cariocatravelando.com says
Oi Letícia, que bacana a sua ideia! Vou tirar uma foto pra você aqui das Arábias e te envio por email, ok?
LeBGPortugal says
Olá!! Tudo bem?
Bom, eu estava pedindo esse favozinho só pros amigos que moram fora. Mas consegui poucas fotos e tá chegando o dia de fazer a surpresa. Vou montar tudo no dia 01 de agosto… tô ficando nervosa…daí resolvi procurar nos blogs amigos brasileiros que moram em outros países!!! ;)
Então, o assunto é: eu vi uma ideia na internet e resolvi tentar reproduzir para o meu aniversário de namoro, que é em Agosto!
Para isso, eu gostaria da ajuda de vocês!!! Quem é de outro local fora do Rio de Janeiro, tira uma fotinho pra mim por favor?
Pode ser numa paisagem local, num monumento maneiro… Ou se você tem uma amiga(o) de outra localidade e puder pedir… :)
É só escrever em uma folha/placa/papelão, qualquer coisa, rs, no seu estilo, à sua maneira algo assim:
“Érico, todo mundo aqui do (seu estado/cidade/país) sabe que Letícia te ama.”
OU
“Érico, todo mundo aqui do (seu estado/cidade/país) sabe que a Letícia é louca por você!”
Olhem o exemplo: http://www.youtube.com/watch?v=BM3zzFCcaYw
Quando estiver pronto, pode enviar pro meu e-mail: leticiabgportugal@hotmail.com
Desde já agradeço à quem puder colaborar… e quem não puder, sem problemas! :)
Beijossssssss.